O futuro pertence àqueles que serão mais capazes de usar as próprias cabeças do que as próprias mãos. Newsweek
Apesar de conhecer por textos esparsos o famoso livro O Ócio Criativo, de Domenico de Masi, somente recentemente estou tendo oportunidade de fazer uma leitura meditada.
De fato, é uma obra interessante, mais como uma constatação da realidade contemporânea do que uma tese sociológica.
Não se trata de um sociólogo de gabinete, mas de alguém que está refletindo a nova tendência e vislumbrando como será o futuro.
O ócio no entendimento dos gregos da antiguidade é totalmente diferente do conceito atual.
Entendemos o ócio como algo negativo, pernicioso, porque a ociosidade é tida como inutilidade, preguiça, desocupação e vagabundagem.
No entanto, a ideia transmitida pelo livro é muito simples.
Entende o ócio como o período do tempo livre que é usado para exercer a criatividade.
Parte da premissa de que a era industrial está superada, que vivemos o que ele chama de fase pós-industrial, que é marcada pela mais pela prestação de serviços do que pela indústria convencional, aquela da linha de montagem e de fábricas.
Segundo De Masi, a tecnologia substituirá o serviço meramente operacional e repetitivo (como já está acontecendo), e o trabalho a ser realizado pelo ser humano é o trabalho da criatividade.
Aliás, somente o ser humano pode ser criativo.
E a grande questão que surge, e é o que me levou ao estudo deste livro, é o que iremos fazer com o tempo livre?
A maioria de nós não é nem treinada para ter tempo livre.
Este novo modelo de civilização, nos pede uma melhor qualidade no aproveitamento do tempo, utilizando para passar com a família, para adquirir cultura e conhecimento, para realizar um trabalho que contribua com a vida em sociedade.
Não é “ficar à toa”, mas utilizar este tempo para crescimento pessoal, e uma melhor qualidade de vida.
Uma síntese do que é proposto neste novo modelo:
- Baseado na simultaneidade entre trabalho, estudo e lazer;
- Centrado mais no crescente tempo livre do que no tempo decrescente dedicado ao trabalho;
- Atento à distribuição equânime da riqueza, assim como à sua produção de forma eficiente;
- Militante pela redistribuição do tempo, do trabalho, da riqueza, do saber e do poder;
- no qual os indivíduos e a sociedade são educados a privilegiar a satisfação de necessidades radicais, como a introspecção, o convívio, a amizade, o amor e as atividades lúdicas.
Enfim, é uma crítica muito lúcida ao atual modelo de idolatria ao trabalho e à competitividade, que de alguma forma favorece o ego

Domenico de Masi
ísmo e o individualismo, mas não é uma crítica vazia, pois tem a apresentação de uma proposta realizável, e que já está em curso.
Acho que este é um caminho inevitável, pois não tem sentido confundir o objetivo com o meio.
Trabalho e riqueza são apenas um meio, uma ferramenta para aquisição de valores maiores, tais como espiritualidade, amizade, convívio pessoal e amor.
Bem vindo ao Novo Mundo!
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