A PEC 37 – Manipulação e Ignorância

pec 37Está em debate em todo o país a Proposta de Emenda Constitucional nº 37, e aqui em Passos não podia ser diferente, haverá uma mobilização do Ministério Público hoje (09/04/2013) na Câmara Municipal as 19 horas.

Existem muitas opiniões apaixonadas, muito palpite e muita, mas muita desinformação.

De início, acho legítimo que qualquer instituição e/ou pessoa defenda seus pontos de vista, e seus interesses.

Porém, não vejo legitimidade na manipulação, pressão e exploração da ignorância popular.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

O que percebo é uma ação do Ministério Público de repetição de meias verdades, aproveitando-se de alguns ingredientes básicos:

a)      quase absoluta ignorância jurídica da população

b)     manipulação da mídia que tem interesse em um midiático Ministério Público

c)      repúdio da população pelos políticos.

É verdade. O Ministério Público apelidou a PEC 37 de “PEC da Impunidade”, porque alardeiam que a iniciativa é de políticos que estão com medo do “poder de investigação” do MP.

A proposta é do deputado federal Lourival Mendes (PTdoB-MA) que é delegado de polícia de carreira, e não se trata de um político investigado por maus feitos ou que queira garantir impunidade.

A meu ver, o que pretende a PEC é deixar claro o que já está implícito na Constituição Federal: a competência de investigação e apuração de infrações penais compete à polícia.

Para o Ministério Público é cômodo e oportuno atribuir a iniciativa a políticos corruptos. Equivale a chutar cachorro morto. Atualmente ninguém apoia a classe política.

O embate é entre membros do Ministério Público e Delegados de Polícia.

Os políticos estão é rindo e achando bom.

Mas vamos à lei.

O QUE É?

Atualmente o art. 144, § 4º da Constituição Federal dispõe que “às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”.

A proposta que está dando esta polêmica é a inclusão deste texto no§10º do art. 144:

A apuração das infrações penais de que tratam os §§ 1º e 4º deste artigo, incubem privativamente às polícias federal e civis dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente.”

COMO É E COMO FICA?

Vamos aos pontos cruciais da atuação do MP de forma bem objetiva:

a)      não se está retirando nenhum poder de investigação direta do Ministério Público, uma vez que nunca o teve;

b)     o MP faz o controle externo da investigação feita pela polícia judiciária, o que continuará ocorrendo;

c)      o MP poderá requisitar investigações à polícia, como acontece atualmente;

Diversos julgados do Supremo Tribunal Federal já consideram esta interpretação, do qual destaco este:

MINISTÉRIO PÚBLICO: ATRIBUIÇÕES. INQUÉRITO. REQUISIÇÃO DE INVESTIGAÇÕES. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. CF, art. 129, VlII; art. 144, §§ 1º e 4º. l. – Inocorrência de ofensa ao art. 129, VIII, CF, no fato de a autoridade administrativa deixar de atender requisição de membro do Ministério    Público no sentido da realização de investigações tendentes à apuração de infrações penais, mesmo porque não cabe ao membro do Ministério Público realizar, diretamente, tais investigações, mas requisitá-las à autoridade policial, competente para tal (CF, art. 144, §§ 1º e 4º). (RE n. 205.473)

Ver também RHC n. 81.326 e RE n. 233.072 do STF.

Portanto, ficará igual sempre foi.

A questão é simples: quem investiga não acusa. Quem acusa não pode investigar.

Competência privativa não é competência exclusiva. A primeira admite delegação e mesmo o exercício suplementar por outro órgão.

PORQUE ISSO TUDO?

Na minha opinião esta celeuma toda é por vaidade e poder.

Puro e simples.

Já que o MP faz questão de investigar, porque não avoca esta competência privativamente também? Mas é para investigar TUDO, inclusive o que não sai na mídia.

Qual é o critério utilizado para a “escolha” pelo Ministério Público, dos casos que vai investigar?

Uma leve impressão me sugere que esta escolha seletiva e sem critérios se dará pelos casos mais midiáticos…

CONCLUSÃO

Sou sempre a favor da legalidade.

Vou finalizar a conclusão com as palavras de dois juristas abalizados.

Ives Gandra da Silva Martins:

Esta é a razão pela qual entendo que o PEC seria desnecessário, pois já está implícita na atual Constituição esta prerrogativa EXCLUSIVA dos delegados. Mas, num país como o nosso, sempre é bom deixar o óbvio, mais óbvio.

José Afonso da Silva:

Em face da Constituição Federal de 1988, o Ministério Público pode realizar e/ou presidir investigação criminal, diretamente?

A questão posta pela consulta não é complicada nem demanda grandes pesquisas doutrinárias, porque a Constituição Federal dá resposta precisa e definitiva no sentido de que o Ministério Público não tem competência para realizar investigação criminal direta.

Não. Em face da Constituição Federal de 1988, o Ministério Público não pode realizar nem presidir investigação criminal.

Não considero justa a manipulação pela mídia e nem a exploração de uma massa de analfabetos jurídicos.

Pense bem, se instrua a respeito e decida com mais liberdade e segurança a sua posição a respeito.

A ideia e proposta única deste nosso tempo é vivermos em um país democrático e que respeite as garantias individuais, e isso passa necessariamente pelo processo de legalidade e respeito à Constituição Federal.

Saiba mais:

Parecer do Dr. José Afonso da Silva

Parecer do Dr. Ives Gandra da Silva Martins

Projeto da PEC na Câmara dos Deputados

–  Opinião de um membro do Ministério Público

Opinião de um Delegado de Polícia

Mulher entra na Justiça e Igreja devolverá dízimo

Este aí pirou mesmo!
Pegou o dinheiro e escafedeu-se…
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Mulher entra na Justiça e Igreja Universal do Reino de Deus devolverá dízimo

Uma mulher entrou na Justiça contra a Igreja Universal do Reino de Deus e conseguiu receber de volta seus dízimos. De acordo com uma publicação do jornal “Extra”, a mulher recebeu uma grande quantia de dinheiro após realizar um serviço e foi induzida pelo pastor a reverter o montante para a instituição religiosa. Pouco depois o homem fugiu da igreja, resultando em um processo de depressão na fiel, que ficou sem emprego e na miséria.O processo, acompanhado pela 5ª Turma Cívil do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) confirmou a sentença, determinada pela 9ª Vara Cível de Brasília. Nela, a Igreja Universal do Reino de Deus deverá devolver os R$ 74.341,40 doados à antiga frequentadora, além de acrescer juros de mora de 1% ao mês.

A doação foi realizada a partir de dois cheques compensados em dezembro de 2003 e janeiro de 2004. Entretanto, a mulher decidiu acionar a Justiça somente em 2010, quando sua situação financeira já estava seriamente prejudicada.

Apesar de ter recorrido, a Igreja Universal do Reino de Deus não conseguiu cancelar a decisão. A igreja ainda chegou a afirmar que a mulher era uma empresária e que tinha rendimentos para poder se sustentar caso doasse o montante, na tentativa de se defender.

Fonte: Associação Mineira do Ministério Público