Explicando o óbvio

ÓbvioPassei uma situação interessante neste final de semana em um grupo de discussão no Facebook, formado quase que essencialmente por pessoas da minha cidade. Chama-se Grupo Mete Bronca e neste grupo são comuns denúncias e reclamações contra a ineficiência do serviço público, desmandos políticos, etc.

Nesta época de eleição acentuam-se as reclamações, denúncias, preferências e nem sempre há uma discussão racional sobre política. Resolvi dar minha contribuição para que as pessoas pensassem um pouco na própria vida, na sua situação, etc., como eu também faço diariamente.

Por força do meu trabalho e das exposições educativas que faço meus escritos são sempre diretos e objetivos, pois não posso me dar ao luxo de não ser compreendido. Pra variar um pouco resolvi usar de ironia e tentar provocar uma discussão entre os membros através da minha opinião, eis o texto:

“Não tenho costume de reclamar, muito menos aqui. Mas hoje tenho que falar, senão as pessoas nunca vão perceber o que está acontecendo. 
E já adianto que é culpa deste governo do PT, Lula e Dilma.
Hoje no desfile cívico de 7 de setembro estava impossível de achar vaga para estacionar, podia se andar por mais de meia hora e NADA de vaga. Sabe por que isso? Esse pessoal dos bairros agora tem carro. É da Penha, do Coimbras, Casarão, Santa Luzia, todo mundo tem carro e aí fica esta situação. Antigamente estas pessoas iam a pé para o centro, voltavam para suas casas apreciando o sol, era muito mais fácil para alguns (os mesmos de sempre, diga-se). Hoje vêm de carro, estacionam, alegres, felizes e nada mais é como era antigamente….irritante isso! ‪#‎sqn

Para mim parece claro e óbvio o texto e seu objetivo, mas vamos imagina-lo escrito de outro modo a expressar claramente o que penso:

“Meus amigos precisamos pensar melhor sobre o governo do PT, de Lula e Dilma. Nossa situação melhorou. Hoje ao participar do desfile cívico de 7 de setembro não consegui achar vaga para estacionar, e observei muito feliz que as pessoas de bairros distantes vieram com seus carros, suas famílias, felizes para participar do evento. Vieram de bairros da Penha, Coimbras, Casarão, Santa Luzia e antigamente me lembro que estas pessoas (assim como eu mesmo) vinham no sacrifício, a pé, e deveriam sair de casa bem cedinho para voltar debaixo de um sol escaldante. Essa é uma realidade que temos, na minha opinião, devido ao programa de governo voltado às classes nunca antes contempladas pelos governos anteriores. Será que queremos um retrocesso? Vamos pensar nisso.”

Bom, acho que o segundo texto não seria tão provocativo de modo a chamar a atenção, porque o ódio que muitas pessoas estão replicando por aí não tem nada a ver com alguma preferência política, não tem nada a ver com corrupção (que ninguém aprova!), mas a meu ver trata-se de um ranço de não se conformar com a ascensão de uma classe social, e que contaminou até mesmo os mais pobres.

Há um indisfarçável ódio social. Uma intolerância contra pessoas que sempre foram marginalizados e hoje são vistos pela sociedade, porque nos acostumamos com uma espécie de privilégios de direitos e a posse de bens que são até básicos sempre foi só para alguns; e os pobres sempre foram relegados a uma situação de miséria. E isso sempre pareceu natural.

Com a modificação ainda que suave desta engrenagem perversa houve uma revolta dos que sempre se acharam escolhidos e privilegiados.

Mais surpreendente que o viés político do meu texto, foi a incapacidade de interpretação de seu sentido, mas isso ficará para outro dia.

obvio - Clarice lispector

6 pensamentos sobre “Explicando o óbvio

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