O advogado precisa se compenetrar da sua importância social como instrumento efetivo de pacificação de conflitos.
É a tal da urbanidade que fala o nosso estatuto e Código de Ética.
O dicionário Aurélio no orienta que urbanidade (no sentido de comportamento) significa qualidades relacionadas a cortesia, ao afável e à negociação continuada entre os interesses. Qualidades de urbano e civilidade.
Mas não sei em que escola ensinam advogados a ter um comportamento arrogante em audiência. Para mim é questão de educação mesmo.
É complicado e mais um vez em minha vida tive que ter uma atuação enérgica para que um(a) advogado(a) compreendesse seu devido lugar por este comportamento que considero inadequado.
Aliás, no Código de Ética e Disciplina da OAB no capítulo denominado Do Dever de Urbanidade podemos ler:
Art. 44. Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e os funcionários do Juízo com respeito, discrição e independência, exigindo igual tratamento e zelando pelas prerrogativas a que tem direito.
Art. 45.Impõe-se ao advogado lhaneza, emprego de linguagem escorreita e polida, esmero e disciplina na execução dos serviços.
A nossa profissão é naturalmente de embate na defesa dos interesses dos nossos constituintes, função técnica que exige determinada energia na ênfase da defesa, mas isso não pode caracterizar-nos como adversários, e muito menos autoriza comportamento arrogante e mal educado.
Acho extremamente deselegante um colega tentar “alertar” durante a audiência que se não fizermos o acordo a situação poderá complicar, ou outras advertências contrárias às orientações que fazemos ao nosso cliente.
Justamente isso. E aí temos que avisar de uma forma mais enfática que a orientação jurídica ao MEU cliente cabe a mim, e não preciso de alerta de ninguém, muito menos do advogado da parte contrária por motivos óbvios.
O quê? Você não precisa de ajuda, não necessita ser alertado? Mas isso não é arrogância sua? Não é se considerar infalível?
Como todos humanos necessito e muito de ajuda, de alertas, do apoio de inúmeros amigos e colegas.
Mas isso se dá de forma privada, discreta. E mais, normalmente quem faz isso é algum amigo ou pessoa que nos alerta sobre uma interpretação equivocada ou mesmo de conduta que irá causar mais prejuízos às partes.
No entanto, durante audiência na qual não há acordo, o advogado da parte contrária, no calor deste momento pretender “alertar” que o que ele quer é o melhor para o MEU cliente é demais.
Falta de educação, falta de urbanidade, falta de técnica e falta de inteligência, por que receber uma má resposta de outro advogado nesta circunstância não é muito agradável.
Mas aqui esta atuação tem que ser quase que obrigatória porque necessária à demonstração de independência na atuação do interesse do nosso constituinte.
E aí quando não temos como deixar de colocar o (a) fulano (a) em seu devido lugar o mal educado somos nós.