
A sua realidade é baseada no que assiste na TV?
– E aí Elder, tudo bem? Já viu que absurdos jurídicos nesta novela das 21 horas?
– Não, não vi.
– Não gosta de novela?
– Na verdade eu não assisto televisão.
– O quê??? Não acredito??? Como isso é possível?
Este diálogo aconteceu há alguns meses com uma pessoa que me falava de uma novela da Rede Globo que na sua trama tinha várias incoerências e aberrações na área jurídica.
Bom, estas tais aberrações jurídicas não me assustam, afinal é uma obra voltada para leigos e que apreciam justamente a falta de coerência dos folhetins do tipo. Além do que se trata de uma obra de ficção, na qual o seu criador pode imaginar tudo o que quiser.
Porém, o que me impressionou no diálogo foi justamente o susto da pessoa quando eu disse que não assisto TV.
A expressão de incredulidade e o olhar com se tivesse visto um alienígena foram impagáveis.
Já assisti de tudo na TV, mas hoje isso não me satisfaz.
Aliás, sequer tenho tempo de ver TV. Assisto a alguns programas rara e seletivamente, quando tomo conhecimento de algo que me interessa ou a convite de alguém.
Mas ficar de frente à TV procurando ocupar meu já escasso tempo, isso não faz qualquer sentido. Ou mesmo assistir a uma coisa que não me agrada e depois ficar criticando, parece menos sensato ainda.
Vou completar 40 anos e não acho que seja uma boa opção perder tempo. E tenho plena convicção que programação da TV é pura perda de tempo. [1]
Filmes, livros (qualquer leitura em geral) e excelentes conversas me atraem muito mais.
Prefiro mesmo me instruir pela internet porque aqui tenho a possibilidade de escolher o que quero ler ou assistir, e não ser obrigado a digerir um programa formatado para vender uma imagem questionável, publicidade, mensagens subliminares.
Porque será o susto por não assistir TV? Porque é um comportamento padronizado? Porque todo mundo assiste? Todo mundo sabe o personagem queridinho ou odiado da vez? Ou quem é a celebridade (?) que está causando no momento.
Por isso que penso que a democratização da internet, com a possibilidade de um acesso para todos aliado a uma educação para uma aquisição cultural mais eficaz é o um excelente caminho para modificar este estado de alienação que vivemos até hoje. Pelo menos possuo algumas opões de escolha.
Sei lá, nunca me adaptei ao establishment e sinceramente não acredito que o fato de seguir um padrão que não contribui para crescimento cultural ou intelectual (para não falar em moral e espiritual) seja muito inteligente.
[1] (comentário de meu filho e minha esposa neste momento da revisão do texto: “não tem tempo nem para reunir a família para conversar…!!!”)