Dica de filme: Um dia de fúria

um dia de fúria

É de voz corrente que o estilo de vida que adotamos e o sistema em que vivemos contribuem para uma vida estressante, e o culto ao “ter”, ao “parecer”, à inversão de valores adotada como correta retira qualquer sentido lógico do nosso viver.

William Foster (Michael Douglas) é um homem que está emocionalmente perturbado, em razão de estar passando por uma série de problemas que envolvem qualquer pessoa em nossa época: perdeu o seu emprego, está separado da esposa, não tem condições de pagar suas contas (sequer a pensão alimentícia da filha). Ele não consegue aceitar o fim de seu casamento.

Paralelamente a esta trama, Martin Prendergast (Robert Duvall) é um policial no seu último dia de trabalho antes de se aposentar, que praticamente abandonou sua vocação por causa de exigência da esposa, que também tem sérios problemas psicológicos ou psiquiátricos depois da morte da única filha do casal, ainda criança.

William Foster não resiste à pressão desta avalanche de problemas aliado às dificuldades de convivência de uma cidade grande e deixa toda sua agressividade vir à tona, tornando-se extremamente violento com situações que normalmente “deixaria passar”. E Martin Prendergast em seu último dia de trabalho decide arriscar a própria vida para deter este perigoso homem.

Esta a trama principal deste excelente filme, que tem uma das melhores atuações de Michael Douglas, um roteiro envolvente e sua temática continua cada dia mais atual, embora lançado em 1993.

Mas toda obra de arte deve nos trazer uma correlação com a nossa própria realidade: trabalhar para um sistema injusto, desigual e que a longo prazo insensibiliza quem nele acredita.

Os tipos e personagens também fazem parte do nosso dia a dia: o comerciante desonesto e explorador, os jovens delinquentes nas suas gangues, o restaurante fast food com sua comida e comportamento padronizado, desprezando a necessidade do cliente para ter mais lucro.

Mas também há o milionário que vive ao lado da miséria, mais preocupado com seu enorme campo de golfe, do que com a vida de qualquer outro ser humano que o cerca.

O trânsito congestionado, obras urbanas desnecessárias, pessoas intolerantes e que somente visam levar vantagem são ingredientes que permeiam a vida de qualquer pessoa que vive em grandes cidades, mas que também já se torna rotina de qualquer cidade no mundo.

A grande questão é quanto tempo e quantas pessoas resistirão a este tipo de pressão? Será que não estamos em uma espécie de fábrica de pessoas emocionalmente instáveis? Produzindo loucos em uma vida sem sentido? Absolutamente ilusória?

Assista ao filme, reflita e compartilhe sua opinião comigo.

Não encontrei o trailer do filme em português, mas há esta que é uma das melhores cenas do filme e que retrata uma situação que certamente já aconteceu com muita gente: