
Estressada? Parabéns! Antes de jogar tudo para o alto, experimente fazer do estresse um aliado
Quando uma mulher diz que vai entregar o cargo, o carro e a aliança, eu proponho exercitarmos outra visão.
Estresse nada mais é que a percepção de que a exigência é maior que a competência.
Quem diminui a exigência, ao invés de aumentar a competência, abraça uma vida sem desafio. E o tédio – pode apostar – também é um fator estressante.
Se você analisar os melhores eventos da vida, vai ver que eles implicam desequilíbrio. Eu e você sabemos que não há paixão sem risco de sofrer, festa sem imprevisto, lua-de-mel (das boas) sem cistite, maternidade sem olheiras, negócio próprio sem dor de cabeça.
Quem leva uma vida preservada demais acaba por colecionar uma série de não-títulos: não-supervisora, não-mãe, não-turista, não-feliz proprietária…
E por que vivemos subaproveitadas? Porque não queremos repetir o erro das profissionais dos anos 80, aquelas que pagaram com a saúde e a felicidade por um estilo de vida hardcore.
Como a geração que veio depois, também defendo o sucesso sustentável, desde que concordemos com a turma das ombreiras em um ponto: trabalhando oito horas por dia e dormindo oito horas por noite, não se produz nada significativo.
Então, o nosso aprendizado é equacionar exigência e competência, intercalando períodos de alerta e relax, avanço e consolidação. Se isso faz sentido para você, experimente:
- Selecionar as exigências: Mais importante que fazer a coisa certa, é fazer pelo motivo certo. Sua agenda diária condiz com sua agenda de vida? Pesquise o seu propósito e se você decidir vender biquíni brasileiro em uma praia europeia, que seja por um chamado de alma, não por medo ou pirraça.
- Ampliar as competências: Liste todas as atividades que te sugam. No tempo em que eu cursava o Magistério (fugindo de Exatas, virei uma não-professora), as escolas emendavam o dia das crianças ao dos professores. Era a semana do saco-cheio, que vinha bem a calhar, antes das provas finais. Na ocasião, eu e minha amiga Gabé fazíamos a lista do saco-cheio. O desabafo era terapêutico, mas eu aprendi depois, como coach, que é preciso transcender a reclamação – delegar o que não tem de ser feito por você e desapegar do que não precisa ser feito por ninguém. Se agenda lotada é uma certeza, o segredo das estressadas do bem é lotar com qualidade.
- Ter acabativa: Dos projetos engavetados, escolha um para concretizar. Empregar energia em obras inacabadas desvia neurônios do que importa.
- Liderar o time do coração: Mostre a quem você ama as vantagens futuras da fase de sobrecarga. Assim que puder, recompense-os com uma experiência intensamente compartilhada. Afinal, no melhor dos dois mundos, ser bem sucedida está longe de ser forever alone.
Priscilla de Sá é jornalista, psicóloga e coach de carreira. Conduz programas de coaching e palestras específicas para mulheres.