Excelente texto do blog Para Além do Agora:
Esta volta que ele fala é muito emblemática.
Quando Jesus narra a parábola do filho pródigo, fica claro que o retorno à casa do Pai, é a volta que todos temos que fazer quando descemos a ladeira do egoísmo e do interesse pessoal.
Voltar para casa, para a família, para seus amores, tem o sentido de recarga de energias, mas também de voltar e entregar o fruto da labuta diária com a consciência tranquila do dever cumprido.
Enfim, honrando aqueles que estão à sua espera.
De volta pra casa
Eu li um texto que me fez refletir sobre uma realidade que acontece muito mais frequentemente do que imaginamos, ainda mais neste mundo frenético e voltado para o TER, ou seja, para a conquista de bens materiais, para as competições entre as pessoas, rivalidades das mais diversas possíveis, egocentrismos, vaidades, prepotências, etc.
Nessa corrida sem destino certo nos esquecemos de cultivar o que é belo, as relações interpessoais, o convívio com os amigos, com a família, os afetos entre pais e filhos, os diálogos, etc.
Corremos para realizar nossos sonhos e crescer profissionalmente, mas temos que lembrar de voltar para casa, para os braços amorosos dos nossos pais, ou do marido, da esposa, receber o carinho dos filhos… Isso é o ESSENCIAL, é o que faz a nossa vida ter sentido pleno e alegria.
Para refletir sobre isso, deixo o texto da jornalista e publicitária Téta Barbosa. E ao final uma belíssima música que tem tudo a ver com este texto, a música “De volta pro aconchego”, da Elba Ramalho, na versão do grande Dominguinhos.
Quero aproveitar a oportunidade para homenagear este músico que vai deixar muita saudade no meu coração, o querido Dominguinhos, que infelizmente faleceu na semana passada (23/07/13). Que ele continue alegrando o coração das pessoas com suas belíssimas canções e com a lembrança do bom humor, alegria e sorriso sempre contagiantes…
DE VOLTA PRA CASA
Já estou voltando. Só tenho 37 anos e já estou fazendo o caminho de volta.
Até o ano passado eu ainda estava indo. Indo morar no apartamento mais alto do prédio mais alto do bairro mais nobre. Indo comprar o carro do ano, a bolsa de marca, a roupa da moda. Claro que para isso, durante o caminho de ida, eu fazia hora extra, fazia serão, fazia dos fins de semana eternas segundas-feiras.
Até que um dia, meu filho quase chamou a babá de mãe!
Mas, com quase 40 eu estava chegando lá.
Onde mesmo?
No que ninguém conseguiu responder, eu imaginei que quando chegasse lá ia ter uma placa com a palavra FIM. Antes dela, avistei a placa de RETORNO e nela mesmo dei meia volta.
Comprei uma casa no campo (maneira chique de falar, mas ela é no meio do mato mesmo.) É longe que só a gota serena. Longe do prédio mais alto, do bairro mais chique, do carro mais novo, da hora extra, da babá quase mãe.
Agora tenho menos dinheiro e mais filho. Menos marca e mais tempo.
E num é que meus pais (que quando eu morava no bairro nobre me visitaram 4 vezes em quatro anos) agora vêm pra cá todo fim de semana? E meu filho anda de bicicleta e eu rego as plantas e meu marido descobriu que gosta de cozinhar (principalmente quando os ingredientes vêm da horta que ele mesmo plantou).
Por aqui, quando chove a internet não chega. Fico torcendo que chova, porque é quando meu filho, espontaneamente (por falta do que fazer mesmo) abre um livro e, pasmem, lê. E no que alguém diz “a internet voltou!” já é tarde demais porque o livro já está melhor que o Facebook , o Twitter e o Orkut juntos.
Aqui se chama ALDEIA e tal qual uma aldeia indígena, vira e mexe eu faço a dança da chuva, o chá com a planta, a rede de cama.
No São João, assamos milho na fogueira. Nos domingos converso com os vizinhos. Nas segundas vou trabalhar contando as horas para voltar.
Aí eu lembro da placa RETORNO e acho que nela deveria ter um subtítulo que diz assim: RETORNO – ÚLTIMA CHANCE DE VOCÊ SALVAR SUA VIDA!
Você provavelmente ainda está indo. Não é culpa sua. É culpa do comercial que disse: “compre um e leve dois”.
Nós, da banda de cá, esperamos sua visita. Porque sim, mais dia menos dia, você também vai querer fazer o caminho de volta.