Hoje é comemorado o Dia Nacional da Adoção.
Já escrevi aqui sobre adoção na postagem Ritual de amor. Lá inclusive falo um pouco sobre os paradoxos da situação das crianças no Brasil e tem um vídeo muito interessante e emocionante.
Somos meio avessos a exposição pessoal, mas no caso é por um bom motivo, ainda mais por causa do preconceito e ignorância que ainda existe. E também é um fato tão corriqueiro na nossa vida que não tem como não falar.
A chamada adoção tardia é assim considerada por quem adota crianças acima de três anos. E adotamos uma criança, o Matheus, entre os 9 e 10 anos, que atualmente está com 14 anos.
Um pensamento relativamente geral é que um bebê é moldável, já uma criança maior, não. Pura ignorância, pois qualquer que seja a idade da criança, o que ela necessita é de carinho, atenção e respeito.
Neste nosso caso se tratou de uma criança que foi para um abrigo aos quatro anos de idade e lá permaneceu por quase seis anos, entre saídas temporárias.
As dificuldades existem, não vamos nos iludir. Mas são as naturais de lidar com qualquer criança ou adolescente, no caso agravadas pela carência e pela incerteza de se viver em um lar temporário, sem a segurança de uma família que possa chamar de sua.
Imagine como é viver em um local, que se recebe os cuidados básicos como local para dormir, roupa, comida. Mas você não sabe até quando ficará lá. Os companheiros de abrigos, podem voltar para as famílias, ser adotados, ou mesmo ir para outro abrigo. Também não há uma segurança sequer de quanto tempo você poderá contar com seu amigo, que em última análise é a sua família.
Penso que é um sentimento de instabilidade emocional, de abandono e de insegurança.Se as dificuldades são muitas, as alegrias são infinitamente maiores.
A satisfação e alegria de colaborar para que este quadro todo descrito acima se estabilize, para que haja segurança e garantia para que aquele ser humano possa ter todas as condições de desenvolver suas potencialidades, com o respaldo de uma família. É uma felicidade que não tem como descrever.
Ao longo dos anos, conhecemos dezenas de crianças que vivem em abrigos. Nunca vi uma que estivesse feliz de estar ali. São bem tratadas, as pessoas que cuidam destes locais são idealistas e verdadeiros missionários, mas não há instituição no mundo que substitua a família.
Enfim, não se trata de uma escolha difícil, pois é só se imaginar na posição do outro. Se fosse você que estivesse em um abrigo o que você gostaria que fizessem por você?
O que é difícil é resolvermos abrir mão de uma ilusória vida fácil e aceitarmos o trabalho.
Em agosto de 2010 fizemos uma reportagem ao jornalista Danilo Vizibelli para a Folha Revista aqui de nossa cidade, que está abaixo:
Hoje que se convencionou comemorar o Dia da Adoção, fica um convite a quem se interessar em adotar, coloque-se no lugar do próximo e pense em como seria sua vida sem sua família, reflita bastante e tenho certeza que você será muito feliz ao acolher uma criança.
E há quem pense que quem adota uma criança está doando alguma coisa. Engano! Somos os maiores beneficiados.
Veja a matéria completa na Revista Folha.
Veja também aqui sobre adoção tardia.
Elder, fiquei muito feliz e emocionado ao ler este texto. Esta reportagem foi uma das que mais gostei de fazer e mexeu muito comigo. Parabéns pelo exemplo que vocês são. Preciso marcar um bate papo com você, a Mirla, o Matheus e os meninos, pois minha vontade de adotar cresce a cada dia.
CurtirCurtir
Valeu Danilo. E vamos conversar sim, te falo os primeiros passos o que tem que fazer, e você terá tempo suficiente para tomar a decisão.
Abraço,
Elder
CurtirCurtir
Elder, qual o melhor dia da semana para este nosso bate-papo? Seria bom se a Mirla e o Matheus pudessem estar presentes também. Abraços.
CurtirCurtir
Danilo, durante a semana só tenho a terça à noite livre. Nos demais dias tenho atividades.
No fim de semana, tirando sábado à tarde, é tranquilo.
Me ligue que marcamos. Tem frescura não…rs.
Abraço,
CurtirCurtir