Já escrevi aqui sobre como sinto a paternidade (relembre).
Há alguns anos presenciei uma situação e prometi para mim que não permitiria que acontecesse comigo.
Vi um pai que não tinha a menor ideia de quem era seu filho. E o filho já tinha cerca de 30 anos.
Deve ser frustrante você conviver com uma pessoa, e ter apenas uma noção idealizada, sem compreender a essência do outro, ainda mais quando este outro é seu próprio filho ou filha.
Compreendo a vida como uma viagem em busca do autoconhecimento, para um aperfeiçoamento constante.
Este “tornar-se melhor” passa necessariamente por um melhor relacionamento com as pessoas que convivem conosco.
E é surpreendente como pais e mães entendem que exercem esta função proporcionando coisas.
A entrega, a identificação, a transcendência do relacionamento valem mais do que qualquer bem material neste mundo.
Está em cartaz no Cine Roxy em Passos o filme A Busca, o qual assisti hoje (26/03, terça-feira).
Filme muito bom, denso, sensível e que nos faz pensar.
Aliás, a função da arte não é fazer pensar e refletir na vida que levamos?
É a história de um pai que busca um filho que desapareceu, mas na verdade é uma busca pela essência do próprio filho, que o pai ainda não tinha conseguido encontrar.
Entendi o filme todo como uma metáfora existencial.
Neste mundo complexo, nos iludimos com coisas, com “ter”, com parecer ser, e nos esquecemos de que o essencial continua invisível aos olhos.
Esta busca implica em uma viagem necessária ao nosso interior, confrontando fantasmas, medos, e descobrindo valores que importam de fato em nossa existência.
Às vezes tentanto ser pai, aprendemos a ser filho.
Brigar, apanhar, bater, sofrer, chorar, perder, encontrar, perdoar, tudo faz parte deste processo.
Enfim, aprender sempre, eis a questão.
Saiba mais sobre o filme aqui.
Veja o trailer aqui.
E se possível, vá ao cinema. Cultura faz bem e nunca sobra.