Há algum tempo presenciei um fato interessante. Meu filho mais velho, Gabriel, tinha um professor que se declarava ateu e em conversa acabaram trocando livros.
O professor lhe emprestou o livro Deus um Delírio de Richard Dawkins, e Gabriel lhe presenteou com um exemplar de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, o qual demonstra a compreensão que temos a respeito de Deus e de Suas Leis.
Com um conhecimento sólido a respeito do tema, Gabriel iniciou a leitura do livro e comentou em sua página do Facebook, informando que estava lendo, gostando, e que o livro estava reafirmando o que sempre pensou a respeito de Deus.
Sua crença não se abalou com a descrença, e muito menos lhe foram apresentados argumentos lógicos capazes de lhe causar qualquer insegurança.
Afinal, conforme consta no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, “fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”.
Causou-me um pouco de espanto o conflito que esta postagem criou para ele, ainda mais que a briga estava entre pessoas que creem. Não sei se o caso era de fanatismo ou de analfabetismo funcional mesmo, mas imagina se algum ateu se atrevesse a manifestar!
Apesar de sermos os únicos seres dotados de razão, capaz de ter a percepção de Deus, e nos aproximarmos dEle, temos uma relação conturbada com a Divindade.
São inúmeras religiões que se arvoram em proprietárias da Verdade sobre o que seja Deus.
Quem é Deus? Onde mora? O que faz?
A Doutrina Espírita inicia seu primeiro livro doutrinário1 com a pergunta em termos corretos: que é Deus? Quis saber Allan Kardec, “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, responderam os espíritos.
Não é uma pessoa, desfazendo o conceito antropomórfico que muitos ainda têm de Deus.
Dos vários questionamentos cabíveis, a maioria das pessoas se conforme e contenta com uma pergunta/afirmação simples: você acredita em Deus?
Parece-me que não é o suficiente.
Crer em Deus é tão óbvio!
Todos os seres creem em Deus quando cumprem o objetivo de sua existência.
Nós que temos a consciência de nossa individualidade, do nosso ‘eu’, que conseguimos compreender a existência de Deus, que temos o livre arbítrio, precisamos um pouco mais do que crer.
É preciso confiança em Deus. Confiança nas Leis Divinas e Naturais que regem todo o Universo.
E isso é mais do que crença, pois a confiança conforma todos os atos, atitudes e consequências às soberanas Leis imutáveis, previamente estabelecidas por esta Inteligência Suprema.
Carl Gustav Jung em uma célebre entrevista à Rádio BBC em 1959 quando questionado se acreditava em Deus respondeu:
“Difícil responder… Eu sei. Eu não preciso acreditar. Eu sei.”
Não se trata, pois, de uma questão de crença, mas de experiência. E mais ainda, não adianta apenas crer, mas confiar na sabedoria absoluta das Leis por Deus instituídas, em todas e quaisquer circunstâncias e situações.
1. O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.
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